Antes da estreia do filme, ouvimos bastante gente
palpitando que esse não deveria ser um filme do Capitão América, mas dos
Vingadores. Se deveria ou não, é difícil dizer. Mas definitivamente não é. Do
início ao fim, é uma história do Capitão América em que o Homem de Ferro tem
papel relevante. Ele é fundamental para fazer a história andar, mas o dilema
fica todo ao redor de Steve Rogers e seus aliados.
A história é aquilo ali que todo mundo já imaginava.
Houve um grande incidente, heróis são responsabilizados e isso faz com que os
governos de 117 países pressionem por um registro desses heróis. De um lado,
fica Tony Stark, que nem pensa duas vezes sobre apoiar a iniciativa, e do outro,
como esperado, o Capitão. Na prática, esses países vão determinar como e quando
os heróis vão agir. Rogers não quer que os Vingadores fiquem de mãos atadas quando
houver uma grande ameaça nem que sejam obrigados a enfrentar algo que não
concordam.
Isso aí, na verdade, é só a ponta do iceberg. O
filme trata mesmo é de como isso afeta cada um dos personagens, com a subtrama
da continuação do Soldado Invernal mexendo com as estruturas aqui e ali. Então,
vamos falar de personagens.
#TEAMCAP
No time do Capitão América, temos aqueles que não
estão entusiasmados com a ideia de virar pau mandado da ONU. É interessante ver
as motivações de cada um. Aqui quero abordar melhor três deles.
O Falcão mais uma vez está muito bem. Não sei por
que, mas é o personagem secundário que mais gosto no MCU. Ele sem dúvida está
ali por ser o chapa do Capitão e, como bom soldado, é bastante fiel. Legal ver
a introdução da Asa Vermelha como um drone. O equipamento tem quase
personalidade própria e rendeu bons momentos.
Tardiamente, se juntam à equipe o Gavião Arqueiro e
o Homem Formiga. Clint Barton, apresentado no último Vingadores como homem de
família, está em uma posição natural ali e manda bem no papel. Curioso como um
personagem tão bucha acabou tendo uma posição única nesses filmes, como o cara
mais fraco e que deixará uma família desamparada caso algo aconteça. E o Homem
Formiga... bom, ele já era um bandido, né? Foi o alívio cômico da equipe e
ficou sensacional como o Gigante.
#TEAMIRONMAN
Do lado do Homem de Ferro, destaco dois personagens
agora. A Viúva Negra teve um papel bem interessante e condizente com o que ela
já havia apresentado em Soldado Invernal. Ficou do lado do registro, mas nunca
contra seus amigos, tendo tido cenas fodas com o gavião Arqueiro e com o
Capitão América.
O Máquina de Combate estava lá também. Funcionou
como o Falcão do Homem de Ferro: não questionou, não tinha uma posição própria,
mas deu apoio ao amigo. Na hora em que foi gravemente ferido, não arrancou
suspiro de ninguém, pois, na verdade, ninguém se importava com ele mesmo.
AS NOVIDADES
Dois personagens foram introduzidos nesse filme.
Logo no começo, vimos o Pantera Negra, que foi pessoalmente impactado com a
morte do pai. É fácil se convencer de que aquele personagem é forte, nobre e
soberano. Fiquei bastante instigado com o que vi.
O outro personagem merece um momento para uma
avaliação pessoal minha. Eu não sou fã do Homem-Aranha. Li muitos quadrinhos
dele, vi todos os filmes, assisti os desenhos, mas nunca foi um personagem que
mexeu muito comigo. E quando ele surgiu no trailer, eu estava de má vontade.
Mas, cara... que surpresa boa. Ele faz um Peter Parker ótimo, que tem toda a
nerdice que o Tobey Maguire já trazia e ignora completamente a descaracterização
do Andrew Garfield. E como o Amigão da Vizinhança, ele é engraçado, tagarela,
inocente e um tremendo fanboy! Não curti como ele foi descartado depois da
luta, mas é até compreensível. E Tia May... <3
SUPEROU EXPECTATIVAS
Estava curioso para ver como trabalhariam dois
personagens nesse filme e curti demais o resultado. A Feiticeira Escarlate
estava ótima e encantou até a minha mulher que soltou um “ela é a mais poderosa
de todos” no meio do filme. Ou seja, ficou claro o potencial dela tanto como
heroína quanto como ameaça. Achei que ela ainda poderia comentar alguma coisa
sobre o morte do Pietro, mas não vou reclamar.
E o Visão estava ótimo. O sintozóide de roupinha e
cozinhando, tentando viver uma vida humana, é a síntese do personagem. E o
relacionamento construído entre ele e a Feiticeira foi bem orgânico. Quero ver
o que os futuros filmes guardam para esses dois.
DEIXOU A DESEJAR
Um dos personagens que eu mais gostei no último
filme do Capitão América me frustrou imensamente. O Soldado Invernal parecia
perdido na história. Não houve evolução nenhuma no personagem e ele foi jogado
de um lado para o outro da trama sem criatividade. E, com o final do filme,
provavelmente nem será.
Outra coisa que não curti é que em Soldado Invernal,
Bucky parecia bem forte e um adversário formidável. Nesse filme apanhou de todo
mundo. Uma bola dentro foi a cena em que Steve o resgata da água, que dialoga
com o fim de CA2.
OS VILÕES
Continua a sina da Marvel de não conseguir
apresentar bons vilões. Esse Ossos Cruzados suicida foi muito estranho. Por
mais que tivesse a ver com a vingança de Rumlow, não me parece que aquele cara que
ajudou a derrubar a SHIELD há alguns anos desperdiçaria a própria vida só para
levar o Capitão América junto.
E o grande vilão do filme, o coronel Helmut Zemo,
surgiu bastante descaracterizado. Não tinha a vestimenta tradicional e não
passava de um pai de família amargurado. Sua motivação era a mesma dos gêmeos Maximoff
em Era de Ultron, o que pode ser um sinal de esgotamento de ideias na Casa das
Ideias.
Por outro lado, o plano dele trouxe algumas
surpresas agradáveis e ele parecia cruel e frio na medida certa. O ponto alto
foi o diálogo com o Pantera Negra no final. Gostaria de ver uma nova versão do
Zemo, talvez liderando os Thunderbolts.
E AÍ?
No fim das contas, Guerra Civil é um ótimo filme,
mas não é isso tudo o que tem muita gente dizendo. Não o classificaria como o
melhor filme da Marvel até agora e saí com mais motivos para reclamar do que de
Soldado Invernal e Guardiões da Galáxia por exemplo. Mas os irmãos Russo vêm
fazendo um ótimo trabalho e estou ansioso para ver os filmes dos Vingadores sob
a batuta deles.